TIPO obra pública

CLIENTE Câmara Municipal de Lisboa

LOCALIZAÇÃO Lisboa, Portugal

STATUS construido

CO-AUTORES _

(autores edifício-tipo: Alexandre Dias, Bruno Silvestre, Luís Spranger)

FOTOGRAFIA José Campos

Elaboração dos projectos para a Fase 1 relativa à obra de Reabilitação Urbana da Zona de Alvenarias do Bairro da Boavista em Benfica, Lisboa - cinco edifícios num total de cinquenta habitações + urbanização.

O Bairro da Boavista é um bairro de habitação social localizado a poente do parque de Monsanto em Lisboa. Foi originalmente construído pela Câmara de Lisboa na década de 40 com o objetivo de alojar provisoriamente as famílias mais necessitadas até estas poderem ingressar no programa das casas económicas. Este novo projeto faz parte de um programa de regeneração mais amplo para todo o Bairro da Boavista, que consiste em substituir as moradias existentes, que se encontram em avançado estado de degradação.

Desenvolver uma solução arquitetónica com preocupações ecológicas, assente numa racionalidade construtiva e económica, sem por isso comprometer a qualidade do desenho foram algumas das premissas que sustentaram a proposta apresentada a concurso e que originou esta intervenção.

A topografia do Bairro da Boavista caracteriza-se essencialmente por uma encosta orientada a poente, limitada a norte pela Associação Casapiana e a sul por um campo de jogos.

A primeira fase do projeto é composta por 50 habitações, com tipologias que variam de T1 a T4.

A solução arquitetónica consiste numa série de volumes de dois, três e quatro pisos, colocados perpendicularmente à Rua Rainha Dona Brites e, consequentemente, alinhados com a geometria urbana do bairro. A fragmentação volumétrica produz uma série de pracetas urbanas de pequena escala que introduzem ritmo e diversidade na volumetria do edificado e, consequentemente, na perceção do espaço urbano.

Os talhões cultiváveis caracterizam estas pequenas pracetas, promovendo a vida urbana sustentável e a interação social entre os moradores. Estes espaços exteriores funcionam como bolsas de transição, mediadoras entre a escala urbana da cidade e a escala doméstica das residências.

O aproveitamento e armazenamento das águas pluviais para a rega dos talhões cultiváveis, a instalação de painéis solares para o aquecimento das águas sanitárias, bem como a orientação múltipla de cada fracção beneficiando de acesso a luz natural, são aspetos que refletem as preocupações ecológicas presentes nesta proposta.

A acessibilidade universal é garantida através do acesso direto a partir da rua de 80% das habitações, quer à cota alta bem como à cota baixa dos pisos térreos. As frações T3 acedem-se por uma escada exterior a partir do caminho pedonal à cota superior.

Por entre os volumes, a meio de cada lote, uma escada urbana liga as diversas ruas ao sopé da encosta de Monsanto. Este elemento evoca as escadas do centro histórico de Lisboa, onde a experiência do espaço urbano é caracterizada pela topografia acentuada da cidade.